O PT nacional lançou campanha pela reforma política. Quer 1,5 milhão de assinaturas para viabilizar um projeto de lei de iniciativa popular.
No site do partido, um formulário pode ser impresso pelos interessados em endossar a ideia. Acontece que a mobilização petista acaba por se vestir de ironia.
Não só pelo fato de o PT estar há dez anos na Presidência da República e só agora conclamar a população a pleitear a mais necessária da reformas.
A questão torna-se mais acintosa porque o partido – leia-se governo federal – é um dos protagonistas da manobra que rasga a regra eleitoral vigente ao impedir que novas legendas tenham direito ao tempo de TV e ao fundo partidário.
A arbitrariedade da aprovação do projeto de lei que trata das proibições prejudica de modo letal o partido que está sendo criado pela ex-senadora Marina Silva e, por conseguinte, beneficia os planos de reeleição da presidente Dilma Rousseff.
A mudança nas regras do jogo com a partida em andamento acirrou ânimos e deve dar trabalho à Justiça.
Na madrugada da quinta-feira, um discurso do deputado Raul Henry (PMDB-PE) no plenário jogou luz sobre o casuísmo e deu o tom de indignação de parte da Câmara.
Ele disse jamais ter visto violência tão grande contra os valores democráticos, “violência que procura exterminar o adversário”.
E, após ter ouvido de um deputado do PT que na democracia o que vale é a força da maioria contra a minoria, foi certeiro nos argumentos para rebater o desvario.
“Se esse conceito fosse verdadeiro, seriam consideradas democracias dois regimes que vivem no lixo e na sarjeta da História: o fascismo de Mussolini e o nazismo de Hitler, em que a maioria se sobrepunha à minoria”. Sem mais.